As Botijas são potes de barro que serviam para armazenar ouro, prata e outras riquezas dos povos antigos do Nordeste do Brasil. Esses objetos guardam lendas misteriosas que são passadas através de várias gerações e permanecem até hoje no folclore popular.
Contam as lendas que as Botijas poderiam se tornar mágicas, na maioria das vezes devido ao seu dono ter morrido antes de deixar seus bens para alguem de sua família, e assim, sua alma não descansaria em paz.
As Botijas se popularizaram entre o povo do interior quando eles não tinham muito com o que gastar, e o que sobrava era sempre armazenado para fins pessoais.
Elas eram sempre escondidas em lugares distintos como se fosse um tesouro. Dentro de paredes, buracos no chão, perto de árvores antigas, cavernas ou até mesmo em tumbas de parentes em um cemitério, quanto mais assustador o local seria, melhor para permanecer intacto.
Depois, para marcar o lugar onde a Botija estaria enterrada, eram feitas sinalizações secretas com símbolos, pedras, cordas ou até uma semente, para que germinasse uma determinada planta.
Quando o dono de uma Botija tinha uma morte repentina, ou morresse tendo esquecido onde a guardou, sua alma jamais descansaria em paz, e procuraria algum meio de ajuda.
Acredita-se que ele apareceria para alguém de sua família em forma de sonho ou assombração. Quando não possuía nenhum herdeiro, ele poderia aparecer para o novo morador de suas propriedades.
Nos sonhos, uma pessoa deveria sonhar três vezes para que pudesse realizar o trabalho de ''arrancar'' uma Botija, e em cada noite, era lhe revelado um passo da trajetória, assim como uma regra que jamais poderia ser quebrada, e a principal delas era o sigilo total.
Para arrancar uma botija, deve se levantar numa meia noite de sexta-feira, geralmente aquelas com lua cheia, e levar uma pá ou picareta, duas velas bentas um lençol ou fronha para embrulhar a botija, e o principal, a coragem, pois na maioria das vezes, alma do defunto acompanharia para ficar apontando o local indicado.
Se um dos três sonhos fosse contado à alguém, o encanto seria quebrado e as riquezas da botija eram transformadas em carvão, evaporariam ou simplesmente desapareceriam, causando loucura e até a morte daqueles que quebraram o trato. Se o trabalho for feito com sucesso, quem desenterrou a botija irá ouvir um gemido bizarro acompanhado de uma leve brisa fria.
Outra lenda conta que muitas das Botijas com ouro e prata foram conquistadas devido aos pactos malignos com o Capeta, e que elas deveriam ser usadas para o próprio bem, quem as achasse jamais deveria usar para fazer caridade. Por isso, sempre que se tenta arrancar uma Botija, deve se desenhar o signo-de-salomão, a estrela de dois triângulos deve ser marcada no chão para afugentar o Satanás, que ali poderia aparecer para causar desgraça e evitar que a alma se salvasse com o desenterramento da botija.
Muito interessante, remete às histórias contadas pelos nossos pais e avós.
ResponderExcluirGostaria de compartilhar uma história: creio que meu avô encontrou uma botija… Moro no interior do Ceará e meus avós moravam na zona rural de minha cidade (que já é pequena). Quando eu era pequeno nós íamos passar o final de semana no sítio dos meus avós. Até aí nada demais. Depois de grande ouvi essa história que meu avô poderia ter encontrado uma botija e resolvi investigar. Não é possível confirmar mas descobri umas coisas interessantes: minha mãe e tios falavam que quando eram crianças eram muito pobres, viviam em uma casa de taipa com chão de terra batida. Os homens passavam o dia no roçado ou caçando e as mulheres passavam o dia fazendo chapéu de palha para vender e comprar o essencial. Assim era a vida. Entretanto, de repente eles melhoraram de vida, meu vô construiu uma casa bem maior de tijolo cru, comprou terras e inclusive colocou um pequeno comércio (conhecida como bodega). Quando eu era criança tinha um quarto na casa dele que todos eram proibidos de entrar, uma vez quase apanhei pq eu tava na porta desse quarto que estava destrancada nesse dia. Achava estranho mas nunca questionei. E o principal, dizem que quem encontra uma botija tem muito azar e morre na miséria, bem, meu vô praticamente perdeu tudo. Minha vó faleceu cedo, meu vô deixou de falar com muitos dos meus tios que se mudaram pra outras cidades. Se distanciou de todo mundo e por muito tempo viveu só e isolado, minha mãe era uma das poucas filhas que tinha contato com ele e só por insistência dela porque ele não fazia questão. Então é isso, não posso confirmar mas juntando os pontos faz muito sentido. Vocês que moram em cidades grandes nao menosprezam as lendas. Eu mesmo já vi crianças doentes se curando quase que instantaneamente quando levadas em rezadeiras idosas, entre outras coisas, o famoso quebranto. Essas lendas são bem interessantes
ResponderExcluirOuvi muitas histórias da minha vó sobre às botijas,inclusive vi algumas pessoas que minha vó dizia que elas enriqueceram,achando botijas.
ResponderExcluirÉ normal essas lendas no nordeste.
Quando criança eu morava em Cajazeiras,na Paraíba.
Minha vó era de Luiz Gomes,RN.